Geologia da Lua e da
Terra
Agora você conhecerá
um pouco da geologia da Lua através da comparação com a geologia da Terra.
A Lua apresenta um relevo bastante irregular, semelhante ao
encontrado na Terra, com imensas elevações, vales e fendas. Nela há dois tipos
principais de topografias: os mares, que são planícies grandes, pouco
acidentadas que são vistas da Terra a olho nu e os planaltos, que são áreas
ásperas em torno dos mares, tendo coloração clara e cheia de crateras.
Com o desenvolvimento das naves espaciais descobriu-se que
toda a superfície da Lua, mesmo os mares que são aparentemente lisos, na
verdade são cobertos de crateras, algumas enormes e outras medindo menos de um
centímetro.
Os astronautas que participaram das várias missões lunares trouxeram
amostras de rochas que foram analisadas por geólogos; são amostras de grande
importância, pois fornecem informações de um segundo corpo celeste, que nos
permite comparar os processos que ocorrem na Lua com os que ocorrem na Terra.
Grande parte da história geológica da Lua está guardada nas
rochas lunares e os nossos geólogos tentam decifrar esse registro.
Há uma grande diferença entre as rochas que compõem os mares
lunares das rochas que formam as áreas montanhosas.
A rocha 12064 é uma pedra vulcânica retirada do Oceano das
Tempestades pelos astronautas da Apolo 12, a qual apresenta uma textura
bastante típica de magma resfriado rapidamente. Nesta rocha se pode ver
clivagens que medem 3 milímetros por menos de meio milímetro, feldspatos que
são grãos longos, finos e brancos que refletem a luz quando esta incide sobre
as clivagens. Esta rocha é bastante parecida com o basalto terrestre, derramado
sobre a superfície da Terra e resfriado rapidamente.
O conhecimento geológico que temos a respeito da formação de rochas
na Terra pode ser aplicado às rochas lunares.
ROCHA LUNAR 12064
Em uma área onde há derramamento de lava, encontramos rocha
de origem vulcânica chamada basalto. Nela podemos perceber alguns cristais que
são grãos brancos os quais refletem a luz solar. A maior parte desse tipo de
rocha consiste de cristais tão pequenos que não podem ser vistos nem com uma
lupa e boa parte dessa rocha compõe-se de vidro vulcânico. Esses pequenos
cristais indicam que a rocha ainda em estado de fusão se resfriou muito
rapidamente e é isso que ocorre em regiões onde há derramamento de lava.
Comparando-se o tamanho dos cristais de uma rocha terrestre
com o tamanho dos cristais de uma rocha retirada do mar lunar, nos dá a certeza
de que ambas são rochas de origem vulcânica.
Há também outras técnicas para haver a confirmação e uma
delas consiste em preparar secções finas das rochas terrestre e lunar que
deixam passar a luz. A luz polarizada revela claramente os minerais de que se
compõem as rochas. Os cristais são razoavelmente pequenos, em grande número e com listras cinza-claro e cinza escuro: são
cristais de feldspato.
Os cientistas verificaram que as rochas lunares mais antigas
datam de aproximadamente 3,9 bilhões de anos e foram encontradas nos mares
lunares; as mais recentes tem cerca de 3 bilhões de anos. Elas são mais velhas
que todas as formações rochosas da Terra.
Os mares lunares são antigos derramamentos de lava que
inundaram imensas regiões da Lua.
Complicado foi desvendar a origem das rochas das regiões
montanhosas, pois estas sofreram notáveis alterações desde a sua formação
original. Elas em geral são compostas de partículas de pedaços de diversas
outras rochas que formaram uma rocha nova chamada brecha, a qual é formada de
uma mistura de pedaços quebrados e irregulares unidos por um material escuro.
A causa de tudo isso são os meteoróides que caem na
superfície da Lua com grande velocidade e no impacto desenterram uma quantidade
imensa de rocha, sendo que parte dessas rochas se funde, devido ao intenso
calor produzido pela energia do impacto do meteoróide.
Rocha sólida se mistura com rocha em fusão a qual se resfria,
endurece e forma a brecha.
Outra rocha trazida dos planaltos lunares,foi analisada pelos
geólogos e apresentou as seguintes características: ela é composta inteiramente
de cristais imbricados, bem maiores que os das rochas dos mares lunares.
Comparando com rochas terrestres que têm essas características concluímos que se trata
de uma rocha chamada anortosita. Os
geólogos afirmam que para que estes cristais tenham se tornado tão grandes, a
rocha ainda em estado de fusão deve ter se resfriado a grandes profundidades
durante um longo período. Daí se pode concluir que os planaltos lunares
estiveram em certa fase em estado de fusão e se resfriaram lentamente.
É possível que as regiões montanhosas tenham sido as rochas
que primeiro se formaram sobre a Lua, porque as rochas provenientes de lá,
datam aproximadamente 4,5 bilhões de anos. A análise da composição química das
rochas provindas dos planaltos e dos mares mostram que elas são compostas
principalmente de cinco elementos: silício, alumínio, magnésio, ferro e cálcio.
A rocha lunar observada, proveniente das regiões montanhosas
apresentou como cristais mais comuns, os feldspatos. O mesmo aconteceu com as
rochas do mar, porém com cristais bem menores devido a rocha do mar ter se
resfriado muito mais rapidamente.
Para que se derreta uma quantidade imensa de rochas é
necessário que tenha havido uma fonte muito grande de calor dentro da Lua e
tanto os mares quanto as montanhas estiveram em estado de fusão.
Os cientistas concordam que o interior da Lua pode ainda ser
muito quente ou mesmo estar em estado de fusão.
Para verificar isso, foram colocados diversos sismógrafos na
superfície da Lua com objetivo de que eles detectassem vibrações ocasionadas
por tremores lunares e impactos de meteoróides. Os sinais gerados pelos
sismógrafos são transmitidos por ondas de rádio para a Terra, para serem
analisados por computadores.
Os abalos lunares foram registrados e indícios a
respeito da constituição do interior da Lua, nos foram dados pelos
diferentes tipos de ondas produzidos pelos abalos ocorridos na Lua.
As ondas “P”, as primeiras a chegar, viajam através das rochas
sólidas como também das que estão em estado de fusão. Em seguida chegam as
ondas “S”, que não viajam através da rocha em estado de fusão.
Quando os cientistas analisaram as ondas originadas na Lua(
na face oculta ) perceberam que as ondas “P” que passavam pelo centro eram
ligeiramente atrasadas, porém as ondas “S” que deveriam passar pelo centro da
Lua, eram inteiramente absorvidas e somente chegavam a estação registradora as
ondas “S” que passavam distantes do centro, significando que o núcleo da Lua está
parcialmente ou completamente em estado de fusão.
A história geológica da Lua, narrada brevemente aqui, começa
há aproximadamente 4,5 bilhões de anos, na época em que se formava o sistema
solar e a Lua era uma bola de fogo, a qual, a medida que ia se resfriando
formavam-se diferentes tipos de cristais, cujos mais densos sedimentavam-se no
fundo e os menos densos, especialmente os feldspatos emergiam formando camadas
de diferentes tipos de rochas.
Os planaltos lunares se formaram durante os primeiros cem ou
duzentos milhões de anos da existência do nosso satélite.
A Lua foi bombardeada por meteoróides durante centenas de
milhões de anos.
A comparação feita do solo lunar e do solo terrestre só foi
possível devido o avanço das pesquisas que foram realizadas com o
desenvolvimento da Astronáutica.


